Um marido cego recupera a visão, mas não conta à mulher e percebe que foi enganado durante anos

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Um homem, cego há anos, recupera milagrosamente a visão - mas decide guardar segredo da sua mulher. Enquanto pensa calmamente na vida que outrora apenas ouvia, começa a notar fissuras na verdade que lhe era contada. O que começa como um milagre alegre transforma-se numa descoberta chocante, quando ele se apercebe que a pessoa em quem mais confiava pode ter escondido segredos muito dolorosos durante todo este tempo.

Viver no escuro

Durante anos, o seu mundo viveu na escuridão total. A cegueira tinha-lhe tirado a visão, mas não a capacidade de imaginar. Navegava pela vida através do som, do cheiro e do tato - aprendendo a "ver" o que o rodeava através do instinto e das vozes dos que o rodeavam. A pessoa de quem mais dependia era a sua mulher, cujas palavras guiavam os seus passos.

Viver no escuro

Ele confiava totalmente nela. No escuro, a sua presença parecia segura. As suas palavras eram conforto, as suas mãos familiares. Ele não tinha motivos para questionar o que não podia ver. Mas a escuridão continha mais do que apenas silêncio... continha verdades que ele ainda não tinha descoberto.

A voz dela, o mundo dele

A voz dela era a sua âncora. Todos os dias começavam e terminavam com o som dela - quer estivesse alegre, cansado ou apressado, era assim que ele se mantinha ligado. Ela descrevia-lhe o mundo, pintava-o com palavras. Quando ela se ria, o mundo parecia mais leve. Quando ela chorava, ele imaginava tempestades.

A voz dela, o mundo dele

Ele contava com ela para interpretar tudo: rostos, expressões, estados de espírito. Ela dizia-lhe o que valia a pena ver. Ele acreditava em cada palavra. A voz dela não era apenas a sua companheira, era também a sua lente para o mundo exterior. E ele nunca imaginou que essa lente pudesse ser distorcida, ou que a verdade pudesse ser editada seletivamente.

Confiança sem visão

Deu-lhe toda a sua confiança, sem nunca imaginar que precisaria de duvidar. Ser cego ensinou-lhe a dependência, e ele entregou-se a ela com graça. Ela cozinhava, guiava-o pelas multidões, explicava-lhe tudo. Não havia razão para não acreditar em cada palavra dela.

Confiança sem visão

Mas a confiança, quando não testada, é frágil. Ele não conseguia ver a sobrancelha levantada, a resposta atrasada ou o olhar de lado. Nunca viu a forma como ela saía rapidamente da sala ou para quem enviava mensagens quando pensava que ele não estava a ouvir. Na sua cegueira, ele assumiu o amor; ele assumiu a verdade. E durante algum tempo, isso foi suficiente.

Cego mas satisfeito

Apesar da escuridão, ele sentia paz. Havia rotina, conforto e até alegria nas pequenas coisas - o seu café matinal, o cantarolar dela na cozinha, as suas conversas ao jantar. Não se sentia destroçado. Sentia-se amado e útil, capaz de formas que até a ele o surpreendiam.

Cego mas satisfeito

O mundo podia estar fechado visualmente, mas emocionalmente, parecia aberto. O afeto dela mantinha-o vivo. Ela era os seus olhos e, acreditava ele, o seu coração. Ele achava que partilhavam tudo. E embora por vezes se perguntasse o que estava a perder, nunca pensou que a maior ausência pudesse ser a própria verdade.